quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Acabei: Morte e Vida de Charlie St. Cloud


Quando comecei a leitura, logo imaginei que o autor fosse entrar naquele clichê fácil de falar de morte e vida. Ou ainda, de vida após a morte. É sempre uma receita fácil de sucesso uma vez que, muitos de nós, não se conforma ou entende a morte. Romper vínculos é sempre algo doloroso e quando alguém nos é tirado de forma abrupta, a situação é muito pior.
As primeiras histórias envolvendo bombeiros e crianças já me deram vontade de abandonar o livro. Não estou num momento muito propício à choros. Ainda bem que não o fiz.
Apesar e, sobretudo, pelo fato de falar de perdas de uma forma tão sutil e única, o livro encanta. Fala de ganhos, mostra possibilidades. Cita santo e milagres de um jeito tão natural e despretensioso que, mesmo quem não acredita neles, pode e deve ler. Não implica em fé (que eu tenho e para mim a leitura foi feita a partir dela). O leitor que não crê pode ler como obra de fantasia e, ainda assim, é um belo livro.
A culpa também é abordada de um jeito diferente. É tratada como compromisso, mas não um fardo. E, diferente do que se pode facilmente imaginar, o mocinho da estória não é um ser amargurado.
Aos que ficam imaginando se há muitas referências religiosas no livro, um comentário: apesar do tema da vida após a morte, não há citações a Deus ou algo do gênero como pontos centrais na obra. A impressão que eu tive foi que o livro pode soar como uma daquelas obras espíritas de consolo para os que perderam pessoas que amavam, principalmente na sua parte final. No entanto, isso acontece sem qualquer tom doutrinário, o que mostra um grande domínio do autor sobre sua história e uma intenção muito bem definida antes de escrever um livro como este.
Um bom menino que comete um ato improvável causa a morte de seu irmão, abdica da vida comum para dedicar-se a seu irmão e é resgatado desse destino auto imposto por um amor, improvável.
Não dá para contar mais uma palavrinha sequer. Leia e emocione-se. É meu bom conselho hoje!

Virou filme, claro. 
Vale uma espiadinha no trailler aqui